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Neurotoxicidade

Em 2008, Asta Kubilienė, Rūta Marksienė, et al., investigaram a toxicidade crónica da ibogaína e verificaram que não foram observadas alterações no fígado, rins, coração e cérebro dos ratos submetidos a doses de ibogaína de 10mg/Kg durante 30 dias e de 40mg/Kg durante 12 dias[1].

Poucos anos mais tarde, com o objetivo de se estudar a neurotoxicidade da ibogaína, investigações realizadas em macacos não apresentaram evidências de neurotoxicidade com administrações orais de 5-25mg/Kg de ibogaína. No entanto, outros estudos revelam que a ibogaína é responsável por efeitos neurotóxicos (em que 100mg/Kg foram administradas a ratos), dado que induz a degeneração das células de Purkinje, e que esta neurotoxicidade da ibogaína é dependente da dose [2]. Contudo, as doses em que se verificam este tipo de toxicidade são consideravelmente superiores às doses que demonstraram eficácia na redução dos sintomas de abstinência de drogas de abuso, utilizadas em modelos animais (40mg/Kg); além disso, a degradação das células neuronais em ratos não foi observada após administração de doses semelhantes de ibogaína noutras espécies, como ratinhos e primatas [2].

Isto parece indicar que ​a sensibilidade à neurotoxicidade da ibogaína varia significativamente entre espécies. Realizaram-se, igualmente, estudos em pessoas submetidas a tratamento com ibogaína que colocam a possibilidade do homem apresentar menos sensibilidade à potencial toxicidade da ibogaína. Assim sendo, foi percebido que a ibogaína era menos neurotóxica em seres humanos que em ratos.

 

Investigações mais direcionadas para a toxicidade da noribogaína têm sugerido que a noribogaína é menos neurotóxica do que o seu composto original. Esta hipótese é corroborada pela descoberta de que o valor DL50 para noribogaína é 2,4 vezes menor do que o valor DL50 para a ibogaína em ratos.

 

Um estudo realizado por Alper K.R., Stajić M. e Gill J.R., (2012) investigou a morte de 19 indivíduos que ingeriram ibogaína pouco antes da sua morte (1.5 a 76 horas pós-ingestão). Destas 19 pessoas, 15 tinham ingerido ibogaína com o propósito de destoxificação de opióides, outras 2 por motivos psico-espirituais e não tinham historial de dependência de substâncias, e as restantes 2 tomaram-na por motivos desconhecidos tendo um historial de dependência de substâncias. Este estudo determinou que 12 dos 14 casos em que existiam dados postmortem suficientes apresentavam condições médicas pré-existentes (principalmente cardíacas) ou consumiam outras drogas além da ibogaína, o que justificou ou contribuiu para a sua morte súbita. Desta forma, concluiu-se que não havia nenhuma evidência clínica ou postmortem que indicasse neurotoxicidade [2].

1. Kubiliene A, Marksiene R, Kazlauskas S, Sadauskiene I, Razukas A, Ivanov L (2008) Acute toxicity of ibogaine and noribogaine. Medicina 44(12):984-8

2. Brown TK (2013) Ibogaine in the treatment of substance dependence. Current drug abuse reviews 6(1):3-16

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